Má administração dos recursos financeiros pode resultar em fechamento da empresa. Veja como evitar falhas e manter seu negócio saudável.
Profissionais de saúde que acumulam a função de atender pacientes e gerir sua clínica acabam deixando passar alguns aspectos importantes da gestão financeira, desde o acompanhamento diário do caixa até a avaliação dos resultados.
“A gestão financeira é muito mais do que contas a pagar e receber. Com a utilização de um sistema apropriado à realidade da empresa e o apoio de um profissional competente, a gestão financeira pode dar ao gestor a noção exata do presente e possibilitar uma jornada mais eficaz para onde ele pretende chegar”, afirma Dora Ramos, contadora e orientadora financeira.
No Brasil, seis em cada dez empresas fecharam as portas ao longo de cinco anos de atividades, entre 2012 e 2017, segundo os dados da pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, divulgada pelo IBGE. O desenvolvimento de um negócio depende de um conjunto de práticas. Quando as contas não fecham e os números não batem, é um sinal vermelho de desorganização das finanças.
Especialistas listam os principais erros da gestão financeira.
1- Não planejar as despesas
É no planejamento financeiro que você conhece a atual situação da sua clínica ou consultório, estabelece metas e o que é necessário para alcançá-las. Negligenciar essa etapa pode levar a outros erros, como não conseguir mensurar o preço dos serviços e fazer a gestão inadequada das receitas e despesas.
“Falamos muito de fazer planejamento financeiro, mas precisamos ser realistas. Não adianta superestimar a capacidade de faturamento e não conseguir atingir essa meta. Por mais que se esteja fazendo uma projeção, é preciso estar muito alinhado à realidade do negócio. Inicie com metas possíveis para descobrir exatamente o lucro de cada tipo de serviço e ter controle das despesas”, orienta Pedro Salanek, professor de finanças do Isae Escolas de Negócios.
2- Misturar finanças pessoais e empresariais
Ramos destaca que esse é um erro muito comum nos negócios – sobretudo em pequenas e médias empresas – e que pode dificultar a avaliação dos resultados. Por isso, é primordial contar com um sistema de gestão financeira e com o apoio de um profissional. Além disso, é imprescindível registrar e acompanhar todas as receitas, despesas e investimentos da clínica ou consultório.
3- Não ter controle do fluxo de caixa
Algumas empresas esquecem de projetar a entrada e saída dos recursos financeiros, que podem resultar em prejuízos se o gestor não tiver dinheiro para pagar suas despesas. Na hora de planejar o fluxo de caixa é importante considerar todos os cenários, fazer o acompanhamento em planilhas ou programas específicos de gestão e pensar em estratégias para lidar com imprevistos.
4- Perder o controle do estoque
A falha de outras áreas acaba refletindo no financeiro se, por exemplo, o gestor precisar adquirir determinada quantidade de um produto com urgência, mas não o conseguir com o fornecedor de costume e acabar comprando por um preço mais elevado com outro fornecedor. O gasto extra por falta de controle no estoque pesa no financeiro.
5- Desconhecer os indicadores de desempenho da empresa
É fundamental medir o desempenho do negócio para compreender se a empresa obteve lucro ou se ficou abaixo do retorno esperado. É necessário analisar medidas para alcançar o rendimento estabelecido.
Como evitar erros na gestão financeira da sua clínica
Elaborar um planejamento financeiro com alternativas baseadas nas melhores e piores hipóteses é imprescindível. “Ler estudos setoriais, participar de entidades do segmento, buscar orientações, conhecer sua participação no mercado e obviamente o tamanho do mercado”, diz Paulo Ferreira Barbosa, economista e professor da IBE Conveniada FGV.
Lembre-se de sempre avaliar o desempenho do negócio, previsões financeiras, gestão do fluxo de caixa ponderando o risco e a capacidade de pagamento. Além de identificar oportunidades de negócios e usar dados contábeis para gerar informações que podem ser relevantes para suas decisões.
“As empresas não quebram financeiramente de um momento para o outro. A dificuldade financeira acontece aos poucos, mas se seguirem as recomendações ao pé da letra, tendem a ter vida financeira longa”, conclui Salanek.