Mesmo sendo um aguardado momento de descanso, a aposentadoria pode trazer consigo algumas complicações – inclusive financeiras. “Ao deixar de trabalhar, a renda também acaba sofrendo um impacto, já que a remuneração referente ao trabalho deixa de existir”, diz o educador financeiro Victor Barboza.
A queda de renda acontece em um momento de saúde mais frágil, que pede maiores gastos com planos de saúde, medicamentos, tratamentos, terapias, adaptações na casa e, em alguns casos, contratação de cuidadores profissionais. De acordo com um levantamento da QuorumBrasil, 70% dos gastos da terceira idade são voltados a itens relacionados à saúde, conforto e alimentação.
“É importante entender que, tendo um problema de saúde ou não, o gasto médico sempre vai aumentar junto à inflação. Então, o aposentado já tem que ter uma previsão de que, a cada cinco a sete anos, o valor dessa despesa vai dobrar”, alerta o financista Fabrizio Gueratto.
Estes gastos, combinados à menor renda, podem ser perigosos para as finanças. É comum casos em que se vive para pagar as contas ou, ainda, as despesas acabam ultrapassando a receita.
Prevenir é o melhor remédio
A melhor maneira de lidar com este cenário é tendo se preparado para ele com antecedência. “O brasileiro está começando agora a ter a cultura de se planejar a aposentadoria por si como forma de minimizar a dependência de políticas públicas, como INSS e SUS”, afirma Marina Lombardi Bayão, consultora de planejamento financeiro.
O tempo e a matemática são amigos de quem começou a poupar cedo – seja por conta dos juros compostos, correção inflacionária ou valorização de ações e fundos.
“Basicamente, por conta do efeito rentabilidade, quanto antes começa-se a investir para a aposentadoria, menor será o esforço poupador necessário. Conforme vai se postergando essa atitude, cada vez haverá menos anos para contribuir para a aposentadoria e o valor necessário para este fim só irá aumentar”, comenta Barboza.
Por isso, nunca é tarde para começar a poupar para a aposentadoria. “Com a evolução da medicina e maior expectativa de vida, junto à menor quantidade de filhos da população em geral, a tendência é que seja quase impossível viver com a aposentadoria do governo. Todos terão que fazer a sua própria previdência, seja ela uma previdência privada ou via acúmulo de patrimônio e/ou investimentos”, diz Gueratto.
Também é interessante contar com o auxílio de profissionais de investimentos e seguros de vida. “Com esta nova tendência cultural, surgiram plataformas de investimentos com assessorias especializadas para a fase de acumulação e seguros que protegem em vida – com coberturas para invalidez, doenças graves e até mesmo incapacidade temporária de trabalhar – e, assim, fornecem um colchão para a gestão de risco”, relembra Bayão.
Como elaborar o orçamento durante a aposentadoria
Organização é fundamental. Liste todos seus gastos mensais e observe se sua renda é suficiente para cobri-los. Aqui também entra o controle financeiro – que, junto ao orçamento, irá nortear e indicar potenciais problemas na saúde financeira.
Para aliviar o bolso nesta fase, o aposentado precisará fazer alguns ajustes. “Esforçar-se para conseguir encaixar um plano de saúde no orçamento é a primeira grande meta que o idoso deve buscar alcançar. Sem ele, a conta do médico pode ficar cara, ou pode-se ter que enfrentar longas filas para conseguir atendimento no sistema público”, pontua Barboza.
Tendo o atendimento médico garantido, vale a pena correr atrás de benefícios e incentivos que existem para a terceira idade – medicamentos gratuitos ou com descontos, atividades físicas de preço acessível voltadas para idosos e ações similares tendem a amenizar o peso destas categorias no orçamento.
Caso mesmo assim a receita da aposentadoria não seja suficiente para cobrir as despesas, o momento de descanso terá que dar lugar a mais um pouco de trabalho.
Deve-se manter em vista a possibilidade de voltar para o mercado de trabalho. “Porém, é difícil conseguir a recolocação nesta fase. Neste caso, talvez seja a hora de empreender em um pequeno negócio, vender alimentos, cosméticos, enfim, algo para continuar com a geração de receita e completar a aposentadoria. Existem muitas opções para se trabalhar de casa”, aconselha Gueratto.
Seja qual for o cenário, o mais importante é buscar equilíbrio e qualidade de vida. “Alimentação saudável, rotina de exercícios físicos e mente sã são aspectos importantíssimos para minimizar eventuais custos extras”, finaliza Bayão.
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