Com as altas taxas de juros praticadas no País, não tem sido tempos fáceis para quem precisa de um empréstimo. Como alternativa aos bancos tradicionais, vêm ganhando espaço no mercado as cooperativas de crédito. O modelo de empréstimo ainda não é muito difundido entre a população, mas vale a pena entender melhor como funciona a captação de recursos por meio das cooperativas e como elas podem ser vantajosas para o bolso do consumidor.
Segundo dados do BC, os empréstimos realizados por meio dessas instituições cresceram 8,5% entre o 3º trimestre de 2015 e 2016. “Esse mercado vem se consolidando. Vemos, inclusive, a formação de blocos de cooperativas”, explica George Sales, professor da Faculdade Fipecafi.
A possibilidade de oferecerem condições mais vantajosas tem origem em seu próprio modelo de negócio. Uma cooperativa é formada por um conjunto de pessoas – ligadas por profissão, atividade ou empresa – que se reúne com o objetivo de prestar serviços financeiros de modo facilitado. “Nesse caso, os associados são, ao mesmo tempo, ‘clientes ‘e ‘donos’ da cooperativa. E essa trabalha por todos eles”, explica Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira.
As tarifas, portanto, tendem a ser mais baixas pelo fato de o lucro não ser o foco máximo das instituições – embora visem resultados positivos, que são distribuídos entre os cooperados. Nesse ponto, é preciso estar consciente de que, como “sócio”, o associado também precisará arcar com uma eventual perda, se o resultado financeiro for negativo. Quem faz parte de uma cooperativa também tem participação nas decisões e conta com a proteção do Fundo Garantidor das Cooperativas de Crédito (FGCOOP).
Como funciona
Para solicitar crédito por meio de uma cooperativa, é preciso associar-se à ela. Para isso, é preciso cumprir os requisitos colocados. Você pode acessar a lista das instituições existentes no site do Banco Central (https://www4.bcb.gov.br/fis/cosif/rest/buscar-instituicoes.asp).
Ao tornar-se um cooperado, será preciso pagar uma taxa de adesão ou fazer uma contribuição mensal. Com esse dinheiro, mais os recursos captados por meio dos investimentos dos associados, a cooperativa acumula o capital necessário para oferta de crédito.
Na hora de requerer o empréstimo, a pessoa passará por análise de crédito, como em outras instituições. “Como já existe um relacionamento anterior com a instituição, pode haver mais agilidade nesse processo”, explica Myrian.
Cuidados
Ao cogitar um empréstimo via cooperativa, valem os mesmos cuidados necessários na contratação de outras modalidades de crédito. É preciso ficar de olho em diversos fatores, como juros cobrados, possíveis taxas adicionais e carência para pagamento, explica Sales. Para comparar as opções, vale sempre atentar-se ao Custo Efetivo Total (CET) da operação, que consolida todos os valores pagos. Mesmo regulamentadas, também é importante pesquisar o histórico e reputação da instituição.
Da mesma forma, é necessário tomar o empréstimo com consciência, considerando as suas condições financeiras e objetivos com aquele recurso. “Mesmo com taxas mais atrativas, no geral, os juros cobrados no País são altos. Por isso, é preciso analisar a sua real necessidade de crédito e ter cautela antes de se endividar”, finaliza o professor.
Vantagens em relação a bancos
Os juros praticados nessas operações são o principal atrativo ao consumidor que está em busca de um empréstimo. No crédito pessoal, por exemplo, a Unicred cobrava, em dezembro, uma taxa média de 1,96% ao mês, a Sicredi de 3,17%, o Sicoob de 2,27% e a Uniprime de 2,85%. Por outro lado, pesquisa da Anefac informa que a média cobrada pelos bancos nessa modalidade foi de 4,58% no mesmo período.