A Seguros Unimed, que patrocina este informativo, convidou-me para trazer o tema da inovação para esse espaço. Nas minhas atividades de gestão e ensino, a questão da inovação sempre foi um tema recorrente. É impossível viver em um mundo que se transforma com a rapidez que hoje enfrentamos sem inovar. Como disse o sábio Prahlad C. K., “o inimigo do sucesso de amanhã é o sucesso de hoje”. Portanto, para ser contemporâneo só existe uma alternativa: inovar constantemente em todos os campos de atuação das organizações. É sobre essa premência da transformação que quero dialogar com vocês. Em todas as áreas da saúde. E espero suas contribuições, dissensões, acréscimos, discordâncias e inovações!
O setor de saúde no Brasil, seja ele estatal ou privado, constitui-se em um bem público, e temos que nos acostumar a olhar para ele dessa forma. Pelo menos se queremos construir uma sociedade civilizada. Portanto, não se pode falar que este ou aquele problema não deva ser uma preocupação da sociedade.
A saúde tem muitos problemas no país – financiamento, gestão, recursos humanos, desintegração público/privado, um modelo assistencial extremamente fragmentado que gera custos desnecessários e resultados indesejáveis. Todos esses problemas existem e devem ser enfrentados por nós que trabalhamos no setor. Setor esse que movimenta 10% do PIB do país e gera quase cinco milhões de empregos.
Eu, neste espaço que a Unimed me oferece, vou discutir com vocês um dos problemas que não nominei acima e que, isoladamente, é um dos problemas e em si e parte da solução de todos os outros. Trata-se da inovação.
Em um recente evento realizado para analisar as causas do insucesso do país em avançar em inovação dentro do setor saúde, os participantes chegaram a algumas conclusões que comentarei aqui.
Mas antes é importante notar que esse insucesso não é generalizado, que existem setores nos quais fomos capazes de ter grandes sucessos. Por exemplo, na área da aeronáutica (a Boeing, maior produtora de aviões do mundo, quer ser sócia da Embraer), na área da tecnologia agrícola, que nos transformou em celeiro do mundo (no ano que vem seremos os maiores produtores mundiais de soja superando os EUA), e na área da prospecção de petróleo em áreas profundas (responsável por hoje termos uma matriz energética que nos torna autônomos).
As conclusões para o fracasso na área da saúde foram resumidamente os seguintes: excessiva burocratização para realizar pesquisas na área da saúde com muitos interesses conflitantes, inclusive uma mistura de acusações de que interesses de multinacionais estariam se impondo a interesses nacionais; a exigência de conteúdo local (nesse assunto me aprofundarei futuramente, mas adianto que é um clássico caso de submeter o objetivo principal ao secundário); baixa internacionalização dos centros de pesquisa; gestão de órgãos governamentais de fomento realizado por indicados políticos; falta de disposição de correr risco por parte das empresas (devido à insegurança jurídica e a um ambiente de baixo estímulo à competitividade).
Existem algumas boas notícias, mas com certeza perderemos o bonde da biotecnologia, da nanotecnologia e das ciências cognitivas (integração homem-máquina) se não entendermos qual é a lição de casa que teremos de realizar.
Nas próximas publicações, vou buscar elucidar alguns desses pontos e demonstrar que a inovação será um importante caminho para resolver parte dos problemas acima mencionados.
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