Na medida em que o homem foi condenado a viver em sociedade, ele dependeu de um arranjo social para poder garantir sua existência e reprodução. Esse arranjo social necessita da existência de organizações. Estes são arranjos produtivos que garantem a produção de tudo que o homem necessita para viver e são governadas na sociedade moderna através da figura de uma macro organização que é o Estado. É o Estado que em nome da sociedade a governa e interfere em seu arranjo interno, regulando as organizações para garantir que se construa de acordo com a sua vontade (da sociedade) uma condição de bem-estar social.
Tudo isso imerso em diferentes modelos de gestão – democracia, ditadura e ideologias, capitalismo, socialismo, etc. Mas o que interessa agora são as organizações – elas são arranjos, ou seja, conjunto de recursos e conhecimentos, voltados para produzir algo necessário para a sociedade garantir sua condição de bem-estar social.
Necessário lembrar que estabelecer um equilíbrio entre as necessidades e os recursos disponíveis é fundamental e, portanto, a gestão realizada pelas organizações e a regulação de suas atividades pelo Estado estabelece uma tensão continua nas suas vidas.
Além disso, tudo está em continua transformação, pois novas necessidades aparecem e novos conhecimentos são gerados, o que implica em novas barreiras e/ou oportunidades. Assim, devido a essas transformações constantes no ambiente das organizações elas também são internamente transformadas. E é aqui que entra a necessidade de inovações – estas são necessárias para que se consiga anular ou minimizar as ameaças (externas) e as fraquezas (internas) e permitir que se aproveite as oportunidades (externas) e se maximizem as forças (internas) que garantirão a perenidade da organização. Sem inovação as organizações param no tempo, são rapidamente deterioradas e tendem a desaparecer.
É no ciclo da inovação que entra o papel de um dos recursos que compõe as organizações e que é critico na produção e incorporação de inovações. Na verdade, mais recentemente, inclusive, a recomendação é que não se fale em recurso, e sim que se destaque este elemento do restante dos insumos das organizações. Este insumo são as PESSOAS. Sim, são as pessoas que transformam as organizações, que desenvolvem novas competências e transformam a vida das organizações através das inovações – uma nova forma de fazer o que deve ser feito ou fazendo coisas novas que melhoram a vidas das pessoas na sociedade. A questão crítica, portanto, é como ter e manter pessoas que tenham a condição de inovar as organizações?
Com certeza não se esgotará esse assunto, mas se indicará os principais elementos. Assim, com certeza, tudo se inicia no ciclo de escolha das pessoas e como atrai-las e retê-las nas organizações. Provavelmente, o mais importante fator que traz as pessoas para as organizações é conhecer seu sistema de referências. Ou seja, saber o que ela pretende entregar para a sociedade, como vai fazê-lo e conseguir gerar valor que transforme seu produto em algo desejável e que, portanto, valorize o trabalho que se realizará. E que faça com que as pessoas que produzem esse valor se sintam realizadas e portanto motivadas a querer trabalhar e permanecer nessa organização. Com certeza todos os grandes estudiosos da gestão são conformes em afirmar que o sistema de referência da organização – sua missão, sua visão, seus valores, ou seja, seus ‘o quês’ e seus ‘comos’ são críticos para que as pessoas que produzem se entusiasmem com o que fazem e busquem atingir e superar suas entregas.
No momento da escolha das pessoas o sistema de referências define a forma da escolha. Mas para reter as pessoas será necessário agregar outro componente vital. Como mantê-las ativas e querendo se superar continuamente?
Por melhor que se consiga selecionar pessoas no ambiente, para mantê-las na organização além do conjunto óbvio das condições de trabalho, do ambiente interno, ou seja, da presença dos ditos fatores higiênicos deve ser agregado conhecimento.
Certamente o fator mais importante na motivação das pessoas a quererem se superar no ambiente do trabalho é o conhecimento do que tem que fazer e como devem fazer. Essa é a tarefa mais importante da organização que deseja criar um ambiente inovador e que busca uma continua agregação de valor em suas entregas para o mercado.
Aqui cabem algumas considerações sobre como as pessoas são formadas e ingressam na vida das organizações. Não existe processo de formação acabado, ninguém se forma para trabalhar em uma determinada empresa. Por isso é cada vez mais importante que as empresas se envolvam com a permanente disposição de formar e reformar as pessoas que produzem suas entregas.
O setor de saúde devido ao seu complexo processo de produção e a variedade de profissionais envolvidos em suas entregas é um dos exemplos mais citados quando se quer realçar a importância de se manter um modelo de educação permanente. Deve-se ainda ressaltar a questão da segurança no processo assistencial que produz um desgaste contínuo nas pessoas. A possibilidade de ocorrerem falhas durante o atendimento que acabam por produzir dor e morte, criam um ambiente de contínuo estresse para o pessoal da saúde.
Não perca tempo falando mal do aparelho formador (que merece ser mal falado), crie condições para que a sua organização consiga ter seus colaboradores cada vez mais capacitados a entregar seus produtos com mais valor. Transforme a sua empresa em uma organização que produz conhecimento e inovação continuamente.
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