O desemprego atingiu os trabalhadores de todas as áreas de indústria, comércio e serviço – incluindo profissionais de saúde. Essa situação não apenas mexe com as finanças de toda a família, como também com a saúde mental.
Segundo um levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o sentimento de ansiedade atingiu 70% dos brasileiros desempregados, enquanto a baixa autoestima impactou 56%.
“Além de forma de garantir renda, o trabalho é fonte de interação social, realização, desenvolvimento e aprendizado. Desta forma, quando inserido em um grupo de trabalho, o indivíduo estabelece relações – das mais variadas, desde positivas até as negativas – e, ao ficar desempregado, todas as áreas citadas (renda, interação social, realização e aprendizado) podem ser comprometidas”, afirma a psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Rita Calegari.
Com o impacto sobre a saúde mental, o corpo também padece. “O desemprego também causa diversos sintomas físicos, entre eles dor de cabeça, dor de estômago, insônia, falta ou excesso de apetite devido ao alto nível de ansiedade. Alguns começam, inclusive, a desenvolver vício em bebida alcoólica na tentativa de esquecer o problema e relaxar”, completa a psicóloga clínica e psicossomática, Marilene Kehdi.
Como a saúde mental danificada afeta a busca pela recolocação profissional
Quanto mais a autoestima é impactada pela experiência do desemprego, maior o impacto negativo e maior o risco de um selecionador perceber que algo não vai bem em uma entrevista. Com isso, menores as chances de ele querer te contratar, afinal, posturas desanimadas podem indicar um desempenho prejudicado no futuro.
“Por isso, o autocuidado é essencial. Deve-se até mesmo avaliar a utilidade de participar de entrevistas quando se está muito abatido ou para baixo, sob o risco de ‘queimar’ oportunidades”, indica Rita.
Como lidar com o desemprego e cuidar da saúde mental
Diante de problemas com a saúde mental e autoestima, é fundamental buscar ajuda para cuidar de si, para que estes quadros não afetem ainda mais a busca por recolocação profissional e tantos outros aspectos de sua vida.
“Não basta ter força de vontade ou fé, é preciso ter recursos, internos e externos. Os externos envolvem rede de apoio familiar e profissional. Os internos envolvem saúde, autoestima e espiritualidade” pontua Rita.
É possível procurar ajuda em locais de apoio – o que inclui opções públicas e gratuitas de consultorias de carreira e tratamento em saúde mental -, praticar exercícios físicos, cuidar da alimentação e tentar manter alguma atividade, como estudo, atualização e participação em atividades voluntárias, que contribuem para o bem-estar e impactam positivamente na busca de uma nova colocação.
“Com essa recessão que o Brasil está vivendo, pensar em se reinventar profissionalmente pode ser uma boa alternativa para redescobrir alguns talentos e capacidades. Tente também estratégias coletivas para não sucumbir ao isolamento e pessimismo, como visitar os familiares e amigos e, dentro das suas possibilidades, manter uma vida social. Essas atitudes vão gerar mais qualidade de vida”, finaliza Marilene.