Ter um filho é um ato de amor, mas também de responsabilidade, seja ele biológico ou adotivo. Por isso, adotar uma criança exige tanto planejamento financeiro quanto uma gravidez, embora pouco se fale a respeito.
Apesar das semelhanças, evidentemente, existem algumas diferenças fundamentais. A primeira delas diz respeito ao período de espera: enquanto uma gestação costuma durar nove meses, os pais adotivos, geralmente, não sabem quando a adoção ocorrerá, visto que o tempo de espera depende do perfil desejado.
Desta forma, o casal deve aproveitar o tempo de espera – que muitos chamam de “gestação do coração” – para se preparar emocional e financeiramente. “Assim, quando a criança chegar, eles já terão tudo organizado para recebê-la”, ensina o educador financeiro Pedro Braggio.
Outra grande diferença se dá em relação aos gastos que antecedem o nascimento da criança. “Enquanto uma gravidez em si envolve uma série de despesas, principalmente relacionadas à saúde da mãe, o custo financeiro para entrar no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) é praticamente zero”, diz o master coach financeiro Victor Barboza.
Também é importante observar que não é possível saber a idade e tamanho exatos da criança, mesmo quando se determina um perfil junto ao CNA. Desta forma, os pais devem tomar uma atitude que vale para filhos em qualquer circunstância: juntar dinheiro.
Poupar é fundamental
“O que importa é que eles tenham um valor guardado para suprir as necessidades da criança em sua chegada e, na medida do possível, uma reserva para um ou dois anos. Assim, é possível lidar com todas as demandas do filho”, aponta Braggio. Segundo o especialista, a medida é especialmente importante para pais de primeira viagem, que ainda não entendem o processo de cuidar de uma criança.
A princípio, o casal deverá fazer alguns investimentos, como a montagem de um quarto para a criança. “Logo, quanto antes começar a poupança, melhor”, reforça Barboza.
Planejamento financeiro
Por não terem certeza sobre a idade ou tamanho do novo membro da família, os pais devem se preparar para todas as circunstâncias. Assim, o primeiro passo é estimar as despesas iniciais que valem para todas as faixas etárias, como roupas, brinquedos e gastos com saúde, além do aumento nas contas de água, luz e supermercado.
As necessidades do filho variam muito de acordo com a idade e, por isso, o planejamento será diferente em cada caso. Os mais novos, por exemplo, possuem necessidades relacionadas a itens como mamadeiras, chupetas, bebê conforto, fraldas, etc.
Já as crianças mais velhas demandam mais atenção na educação escolar e lazer. Vale ressaltar que, dependendo de sua base educacional, talvez elas também precisem de aulas de reforço.
“Com estes valores definidos, o próximo passo é alinhar a capacidade poupadora dos pais e definir onde o dinheiro ficará separado, sendo interessante buscar algum investimento para que haja rendimento sobre o dinheiro guardado”, orienta Barboza.
Adaptando o orçamento
Além de se preparar para as despesas iniciais, os pais também devem se lembrar que ter um filho é cuidar dele até sua idade adulta. Por isso, a família terá que ter espaço em seu orçamento para suprir as necessidades de criação e sustento. “Deve-se ter os ganhos suficientes para cobrir os gastos recorrentes e, se não puder, encontrar formas de cortar gastos para possibilitá-los”, aponta Barboza. Evite dívidas, pois isso pode afetar o equilíbrio familiar.
Se, apesar dos cortes, ainda não houver espaço no orçamento para o filho, pode ser prudente esperar mais um pouco. “Não adianta apertar as contas apenas quando a criança chegar. É muito arriscado fazer a adoção quando se tem o orçamento apertado e se gasta tudo o que ganha. É preciso adotar com consciência”, finaliza Braggio.