Um dos princípios do cooperativismo é a gestão democrática, onde todos os cooperados possuem voz ativa. Portanto, aqueles que são eleitos como gestores têm em mãos a grande responsabilidade de manter a cooperativa em pleno funcionamento, equilibrando os interesses da instituição, dos sócios cooperados e demais interessados.
Em partes, o trabalho é semelhante ao de gestores de outros segmentos e modelos de instituições. “Ele é responsável por liderar os processos administrativos que garantem o pleno funcionamento da cooperativa. Ao mesmo tempo em que atua como representante dos interesses dos cooperados no corpo diretivo, trabalha pelo desenvolvimento dos negócios da cooperativa, garantindo a prestação de serviços e o encaminhamento de ações efetivas em benefício de todo o quadro associativo”, resume Luís Antônio Schmidt, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sescoop/SP.
Detalhamos algumas características fundamentais para gestores de cooperativas a seguir.
1 – Conhecimentos administrativos
O gestor é responsável pela execução das estratégias, políticas e diretrizes fixadas pelo Conselho de Administração/Diretoria e, portanto, deve prestar contas a esse órgão. Isso exige conhecimento na área administrativa.
“Ele precisa ter percepção de gestão de uma forma geral, entendendo sobre finanças, estrutura de custo, marketing, planejamento e execução”, diz Emerson BZ, professor de Estratégia Empresarial, Empreendedorismo, Liderança e Inovação da IBE-FGV.
2 – Relacionamento com os cooperados
O maior foco da gestão cooperativa são as pessoas, afinal, estão todos em pé de igualdade. Por isso, é preciso lidar com as demandas dos sócios cooperados, mas sem deixar de lado os interesses da cooperativa enquanto instituição. “É preciso ter muito equilíbrio emocional para lidar com seus pares em uma situação de igualdade na sociedade e ao mesmo tempo assumir um papel na hierarquia da cooperativa, papel esse que lhe confere poder de decisão”, afirma Viviane Vieira Malta, diretora de Administração e Finanças da Unimed do Brasil. Para que esse relacionamento dê certo, é fundamental saber ouvir a todos.
3 – Zelo pelos valores do cooperativismo
“É importante que o gestor tenha conhecimento e atenção às leis, tanto do setor cooperativista quanto do segmento de atuação da cooperativa. Precisa ter, ainda, conhecimento das melhores práticas de governança aplicadas ao cooperativismo”, orienta Karla Oliveira, gerente geral do Sescoop. Além disso, é necessário sempre estar atento à essência democrática do sistema cooperativista, entre outros valores que são de suma importância.
4 – Conhecimentos específicos para cooperativas de saúde
Em uma cooperativa de saúde é fundamental que os gestores conheçam as especificidades do setor e consigam dialogar com pessoas com perfis diferentes. “Estão entre eles os cooperados, os empregados da cooperativa, os fornecedores de materiais, os prestadores de serviço e os entes reguladores – em especial, no caso das cooperativas operadoras de planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar e demais stakeholders envolvidos/interessados no negócio cooperativo”, comenta Oliveira.
5 – Formação acadêmica
Diretores e conselheiros, chamados de gestores estatutários, devem ter a formação profissional que lhes permita fazer parte do quadro de cooperados. Malta conta que, no modelo do Sistema Cooperativo Unimed – que são cooperativas de trabalho médico –, os cargos diretivos e de todos os Conselhos são compostos por médicos sócios cooperados eleitos por pleito direto. Já em uma cooperativa odontológica, os gestores estatutários devem ser odontólogos cooperados.
Para uma formação mais específica, há diversos cursos, pós-graduações e MBAs sobre o cooperativismo reconhecidos pelo MEC, com algumas iniciativas ligadas diretamente ao Sistema OCB, além de formações em Gestão em Saúde. “Também existem cursos de pós-graduação em Auditorias Médicas, curso preparatório para Conselheiros Fiscais, entre outros que aproximam e preparam os médicos para a gestão de suas cooperativas”, finaliza Malta.